segunda-feira, 6 de março de 2017

Sempre às ordens!


Há pessoas mesmo simpáticas.
Simpáticas. 
Até ao enjoo.
Oito da noite; está a começar a gear; as serras à volta sopram ventos gélidos. Só apetece estar em casa, debaixo da manta, no sofá. E, no entanto, o homem da gasolineira, ao relento, sorridente, esfrega as mãos e pergunta como quem cantarola:
Ora boa noite! O que vai ser, faz favor?
(como se me oferecesse croissants brioche da mais fina patisserie de Paris com direito a vista para o Sena)
Era para atestar, tirito.

Pois, muito bem! Muito bem... se canta na serra!

Esfrega as mãos do frio e da alegria. Recolhe a agulheta, fecha o depósito. Digo que quero pagar com cartão. Rectifico, se for possível.

Com cer-te-za! Sem problema algum, minha senhora!
Ora, vamos lá
(sempre a cantarolar)
à despesinha...

Muitos diminutivos docinhos...
Não os ouvi (não deu tempo), mas estou segura que "olarila" e "c'o a breca!" também fazem parte integrante do seu vocabulário activo!

Facturinha? Com certeza! É para já, minha senhora! Não tarda nada!
Era então o cartãozinho com o número de contribuinte ... Se fizer o favor... com li-cen-ÇA!
(é o tom de voz, em crescendo!)
Muito bem. É marcar o códigozinho, por obséquio!

O códigozinho, Deus meu! Era parar com os diminutivos e o deferimento por obséquio!

OOOOOOra aí está!
Está feito! Prontinho! Voilá!  

Remata em francês, comigo a achar que o caldeirão da simpatia se esgotava por aqui.

Boa viagem, muito gratos e até uma próxima!

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